Ferramentas de avaliação e a criação de um novo tempo
A cultura instalada versus a cultura desejada | Nos posts anteriores do blog, falamos que a cultura organizacional é um conjunto de valores e normas de uma empresa que direcionam o comportamento dos funcionários no dia-a-dia. Desse modo, empresas que agem de acordo com o que pregam geralmente apresentam resultados acima da média. O problema acontece quando os valores e normas dizem uma coisa e a prática diz outra totalmente contrária.
Conhecida como Culture Deck, a apresentação pública da cultura da Netflix descreve que “é fácil escrever valores admiráveis; é mais difícil vivê-los”. Isso acontece porque a cultura é vivenciada por pessoas, que são diferentes umas das outras, e quando a cultura não é clara ou forte o suficiente cada funcionário tende a vivê-la de acordo com seus próprios valores, muitas vezes incondizentes com os da própria companhia.
Imagine que em uma empresa cada funcionário decida tomar as decisões com base em suas próprias crenças ou desejos. A organização perde a identidade, e cada um segue por uma direção diferente sem compartilhar objetivos em comum, e o que se percebe no final é a ausência de bons resultados. Para que isso não aconteça é necessário criar uma cultura forte e, principalmente, pautada na realidade.
A construção de uma cultura organizacional não é algo simples, tampouco veloz. Considerando que as organizações são organismos complexos, e que não há um manual ou “receita” a ser seguida sobre como criar uma cultura organizacional forte que funcione para todas. Contudo, vale a pena analisar como algumas boas empresas tem construído e reforçado continuamente sua cultura organizacional, e um bom exemplo é apresentado no livro “O jeito Disney de encantar os clientes”, onde estão descritos seis insigths, que podem nortear a construção de uma cultura real:
- Manter a simplicidade: todos devem estar à vontade com a cultura;
- Fazer com que seja global: todos – desde a alta administração até a operação – devem aderir;
- Fazer com que seja mensurável: diretrizes incorporadas à avaliação de desempenho;
- Proporcionar treinamento: inclusão de elementos da cultura ao treinamento da equipe;
- Pedir feedback da equipe: cultivar senso de responsabilidade e permitir que os funcionários contribuam com ideias;
- Reconhecer e recompensar o desempenho: programas de reconhecimento formais e informais.
Em cada um desses seis insights podemos notar que há algo em comum: as pessoas! E não é por acaso! A “mágica” só acontece quando as pessoas têm a oportunidade de ajudar a moldar a cultura e ser parte integrante do processo, assim, a probabilidade de agirem conforme as regras e valores é muito maior.
Para verificar se a cultura faz jus à realidade e está na cabeça e no coração de cada funcionário, novas ferramentas vêm sendo utilizadas. De acordo com o artigo “Os novos métodos analíticos da cultura” publicado na revista Harvard Business Review, as pesquisas e questionários comumente realizadas com as equipes são insuficientes para medir a cultura de uma empresa, pois as convicções das pessoas não refletem o comportamento no dia-a-dia. A partir daí e com o olhar voltado à era digital, para medir a cultura de uma empresa, novos estudos analisam a linguagem eletrônica utilizada pelos funcionários. Nesse sentido, são analisados textos de e-mails corporativos, mensagens de chats exclusivos da companhia e postagens em redes como Glassdoor.
Com isso, os pesquisadores descobriram que o enquadramento dos funcionários é um fator importante e deve continuar a ser considerado pelas empresas, porém, a adaptabilidade dos funcionários é o que garante o sucesso da cultura organizacional à medida que ela se transforma e evolui.
Assim, para que a cultura organizacional seja o alicerce do comportamento e das decisões tomadas no dia-a-dia, ela precisa refletir a realidade da empresa. Nos dias de hoje, em que tudo muda rapidamente, inclusive as empresas, sobreviverão de forma sustentável, aquelas que se diferenciam através de sua cultura, pois, como sabiamente disse Mário Sérgio Cortella: “agir conforme aquilo que se fala, alinhar discurso e prática, além de ser uma postura ética, é um sinal de autenticidade”.
O jeito Disney de encantar os clientes: do atendimento excepcional ao nunca parar de crescer e acreditar / Disney Institute; [prefácio de Michael D. Eisner; tradução Cristina Yamagami]. São Paulo: Saraiva, 2011.
*Este texto foi escrito pela equipe da Impulso Consult. Fique à vontade para compartilhá-lo, não se esquecendo de incluir os créditos ao autor.